A MOBILIDADE EM CASCAIS


O início do ano foi com a euforia dos autocarros gratuitos para os moradores do município de Cascais.
É uma medida que em tese merece ser aplaudida. Mas merece também ser discutida.
Carlos Carreiras gosta de apresentar uma imagem vanguardista, de estar à frente dos outros, de ser o primeiro, e quando pela Europa fora se começa a discutir a hipótese dos transportes públicos gratuitos nas cidades para minimizar as emissões com efeito de estufa, não hesitou e, com eleições autárquicas daqui a dois anos, vai de anunciar a medida para entrar em vigor já em janeiro de 2020.
Como todas as medidas promovidas pela CMC logo se assistiu a um coro de aplausos por um lado e um coro de críticas pelo outro.
Onde está a razão? Para variar está dos dois lados.
A medida enquanto propiciadora de condições de mobilidade, mesmo que só dentro de Cascais, é positiva.
Verdade se diga que nesta dimensão será uma medida que terá um forte impacto nos jovens e nos mais idosos. Se no que respeita aos jovens estudantes a Câmara já suportava uma forte fatia dos custos dos seus transportes, para os idosos é uma mais valia que valoriza a sua carteira e permite que se possam movimentar no concelho, tornando a sua vida mais rica e menos sedentária.
Para a população ativa, é diminuta a fatia que tirará vantagem desta medida. A esmagadora maioria dos residentes em Cascais infelizmente tem que se deslocar para fora do concelho para trabalhar e, portanto, esta medida pouco ou nada altera as condições de mobilidade para esta enorme parcela de munícipes.
Para estes, a solução continuará a ser a viatura própria ou o passe para a área metropolitana!
Como é que Carlos Carreiras financia esta medida orçamentada em 12 milhões de euros ano? Com as receitas do estacionamento e com os impostos gerados com a vinda de empresas financeiras para o concelho, ou seja, um disparate e um ato de fé.
Suportar esta medida na receita do estacionamento é um disparate encartado, uma vez que a revolução da mobilidade só se consegue agindo em simultâneo no estacionamento e na criação de soluções de transporte coletivo que respondam às necessidades dos habitantes.
E o estacionamento em Cascais é um bem escasso e muito mal trabalhado pela Câmara. A gestão do território e o urbanismo têm décadas de más decisões que a Câmara devia reverter, mas a solução escolhida foi a mais fácil e injusta para moradores e visitantes do município: tornar todo o espaço público em estacionamento comercializado pela CMC.
Carlos Carreiras quer agora branquear o esbulho que é alugar espaço público em que a Câmara não investiu um cêntimo com o argumento de que se destina a financiar os transportes públicos!
Desculpa muito rebuscada!
E a rede de transportes existente, entre Scotturb e Mobicascais é eficiente? E qual o nível de cobertura que assegura no concelho?
Uma amiga referia numa rede social que a paragem de autocarro mais próxima do prédio onde reside está a mais de 1 km de distância. Para ela esta medida não lhe cria um entusiasmo por aí além… 
E para os que se preocupam com o futuro do planeta, qual é o impacto desta medida na redução das emissões de gases com efeito de estufa? Quantos carros vão deixar de circular por causa desta medida? Poucos carros, muito poucos quilómetros, muito pouco combustível fóssil poupado!
Se a medida fosse a pensar nos munícipes, não se ficaria pela mobilidade interna no concelho e não seria suportada pelas receitas do estacionamento. Seria certamente desenhada uma forma efetiva de garantir a mobilidade dos munícipes nas suas deslocações no concelho e para os seus locais de trabalho.
Os custos estimados para esta medida são de 12 milhões de euros. Demasiado dinheiro para o efeito que se irá conseguir. E pior de tudo, o problema da mobilidade vai continuar por resolver e as emissões de gases ainda não é com isto que mudam a tendência.
Mas “momentos de glória” em televisão, rádio e jornais… esse foi garantido!...
Para uns “uma coisa à borla é fixe” para outros a pergunta é “se é à borla quem é que paga”?...

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