FAZ HOJE UM ANO E TRÊS DIAS…
Faz hoje um ano e três dias que
ocorreram as eleições autárquicas que ditaram em Cascais a vitória da coligação
Viva Cascais, uma coligação do PSD e do CDS-PP.
O comunicado distribuído pela maioria,
leva-nos a acreditar que vale a pena tecer alguns comentários, que mais não
seja, para tentar aduzir alguns argumentos que nos permitam olhar para o
passado recente sem filtros, preconceitos ou… “injeções atrás da orelha”…
Mas esta vitória foi um indicador de
que a maioria da população de Cascais não se revê neste poder.
A maior abstenção de sempre assegurou
que os 16,23% de eleitores que votaram na Coligação liderada por Carlos
Carreiras lhe dessem, ainda assim, a maioria absoluta na Câmara Municipal de
Cascais.
Foi um sinal preocupante de divórcio
entre os munícipes e os governantes da autarquia!
E há razões ponderosas para acreditar
que existia fundamento para este divórcio.
A atuação da maioria que governa a
Câmara de Cascais dá-nos abundantes exemplos diariamente!
A
governação de Cascais é uma clara demonstração de que se opta pela prosperidade
de alguns em detrimento do bem-estar de todos.
Cascais é liderado sem uma estratégia
consequente para o desenvolvimento da nossa terra.
Não basta falar na estratégia!
É preciso defini-la, discuti-la com os
munícipes, torná-la num objetivo comum de todos os Cascalenses!
Alguém
conhece a estratégia para Cascais?
Está a mesma plasmada no Plano Diretor
Municipal de Cascais que espera a sua revisão há mais de 12 anos?
Os objetivos delineados são
transparentes e do conhecimento público?
Infelizmente, obtemos 3 não como resposta.
Afinal, fala-se numa estratégia, que
só “alguns” conhecem e que parece servir apenas os interesses de poucos!
Para além das festas e dos múltiplos e
milionários eventos que semanalmente Carlos Carreiras nos oferece sobra pouco,
muito pouco, do que efetivamente importa à população.
A
ambição de tornar Cascais o melhor lugar para viver um dia, uma semana, ou uma vida
inteira é nobre mas
confunde-nos a forma como Carlos Carreiras pretende atingir este desiderato.
As diatribes urbanísticas aprovadas
para Carcavelos, uma mega urbanização colada a uma escola que será frequentada
por cerca de 5.000 pessoas diariamente, em cima do mar e da estrada marginal em
Carcavelos, a intenção de aprovar uma urbanização, junto à Areia, escondida por
uma escola de sobredotados, o que se perspetiva para o terreno da Praça de
Touros, o Hotel Nau, são sinais de que Cascais,
dentro de dez anos será definitivamente um lugar onde será impossível viver com
qualidade!
A sistemática afirmação de contenção
urbanística e de diminuição de licenciamentos é incompatível com a aprovação
deste tipo de mega urbanizações! Contenção?!...
A
gestão financeira da Câmara de Cascais tem sido caótica.
E até seria desculpável se o
extraordinário aumento da dívida da CMC fosse feita por culpa de obra mas não,
o despesismo e a ostentação ditam uma gestão danosa da coisa pública.
Um mar de assessores e assalariados
políticos de competência duvidosa ajudam a delapidar com facilidade os parcos
recursos autárquicos.
E embora se mantenham alguns apoios de
caráter social, os cortes atingiram de forma brutal e radical as coletividades
e o investimento em obra nova.
A
gestão ambiental é um verdadeiro susto!
As sucessivas peripécias promovidas por Carlos
Carreiras na Tratolixo garantiram que aquela empresa tenha um passivo brutal
atingido por incompetência pura na forma como alteraram a estratégia definida
em 2003.
Por outro lado, a EMAC que foi empresa
modelo, começa hoje a dar sinais de que deixou de ser gerida com paixão por
Cascais.
Já há sítios em Cascais onde o lixo se
acumula, já se vê ervas nos passeios e sumidouros por limpar, e as campanhas de
sensibilização e de mobilização da população pela preservação ambiental resumem-se
a umas ações de um dia por ano para limpar arribas ou para tirar lixo do mar! É
constrangedor de tão pequeno, mas… mobiliza as televisões!...
As
assimetrias entre o interior e o litoral do concelho avolumam-se a um ritmo
elevado.
A ausência de medidas de qualificação
e investimento em Alcabideche e S. Domingos de Rana, vão cavando cada vez mais
a diferença entre o privilégio do litoral e a pobreza e falta de recursos do
interior.
O desinteresse e o alheamento desta
maioria é tal que, se o governo lhes der a oportunidade, não me admiraria se
abdicassem desse território que só lhes traz exigência e nenhum “glamour”…
Cascais
tem sido governada sobre o signo do autismo.
Carlos Carreiras não aceita ideias
diferentes, não quer ouvir argumentos ou conhecer alternativa diversas pelo que
resta pouco espaço de manobra à oposição para além de ir denunciando a louca e
perigosa aventura em que se transformou a gestão de Cascais!
Carlos Carreiras tem uma maioria
absoluta na Câmara de Cascais e isso legitima o exercício do poder absoluto que
pratica.
Mas em democracia, a oposição não pode
deixar de usar a única arma que lhe resta, que é denunciar os desmandos
praticados!
Hoje, como há um ano e três dias,
gostávamos que Cascais fosse de todos, para todos.
Mas não é.
E o caminho que leva vai tornar este
objetivo cada vez mais difícil…
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