AFINAL A GROSSURA IMPORTA?
O post no Facebook colocado pelo Senhor Presidente da
Câmara de Cascais em relação ao cordão humano realizado no passado domingo em
defesa da preservação da mata da Quinta dos Ingleses em Carcavelos leva-me a
acreditar que para Carlos Carreiras há
uma manifesta dúvida existencial.
Segundo a ideia exposta pelo Presidente da CMC o cordão
anunciado pelos organizadores não passou de “um cordel de menos de uma
centena de pessoas que nem conseguiam preencher um dos lados da referida quinta”.
Mas afinal é um problema de grossura ou de comprimento?
É que uma coisa é a diferença
de grossura entre um cordão e um cordel outra, bem diferente, é o comprimento
que um e outro possam ter…
Para Carlos Carreiras, afinal, é importante ser grosso e comprido e,
caro leitor, gostos não se discutem.
Mas política, ordenamento do
território, a preservação ambiental, devem ser discutidos.
Sem argumentos grosseiros, sem ideias muito compridas, mas privilegiando
a objetividade, a seriedade dos argumentos e a defesa do bem comum.
Com cordão ou com cordel,
mais comprido ou menos, o que falta a Carlos Carreiras é explicar as
verdadeiras razões para atuar como atuou neste processo.
Baseando toda a atuação
municipal no papão das eventuais indemnizações a suprir pela CMC, Carlos
Carreiras usou todos os truques possíveis para garantir a aprovação deste
aborto urbanístico à entrada de Carcavelos.
E a mesma veemência que
coloca na defesa desta mega urbanização é a mesma com que se prontifica a
demolir o Cascais Vila ou o antigo edifício do Hotel Nau. O pior será sempre o
que o vai substituir…
Carlos Carreiras agarra-se
sempre ao facto do primeiro acto administrativo datar de 1961 ou a existência
de uma aprovação em 1985, na presidência de Helena Roseta.
Esquece, no meu ponto de
vista, o que era Carcavelos em 1961 ou mesmo em 1985 e o que é hoje.
Naquela altura falava-se de
Carcavelos sem a urbanização da Quinta da Alagoa, sem urbanização da Quinta do
Barão, sem urbanização Nova de Sassoeiros, sem urbanização do Arneiro, Sem
urbanização da Quinta da Bela Vista, sem Checlos, sem Quinta da Vinha, sem urbanização
das Silveiras, sem urbanização da Quinta de S. Gonçalo, ou seja, sem menos umas
dezenas de milhar de fogos e correspondentes habitantes na freguesia.
A tomada de decisões de uma Câmara, em cada momento, tem
obrigatoriamente que ter em conta as necessidades da comunidade e a busca do
respeito e do cumprimento do bem comum.
Escudar-se numa decisão
tomada por outro executivo, com outro enquadramento que pode hoje estar
completamente ultrapassado é, no mínimo, desonesto.
A decisão de Carlos
Carreiras, com o argumento das indemnizações, esquece por completo o interesse
dos atuais e vindouros habitantes de Carcavelos.
Por outro lado, este tique
de Carreiras de contestar de forma truculenta e malcriada tudo e todos os que
ousem discordar ou ter opinião diferente começa a ser um indicador preocupante.
Para Carlos Carreiras não
importa as razões, justas ou erradas, de quem contesta. Para ele o acto de
contestar é em si próprio uma blasfémia sobre a qual se deve invocar a fúria de
todos os deuses…
Mas mais importante do que o
número de pessoas que democraticamente quiseram demonstrar o que lhes vai na
alma, mesmo contra a vontade do Senhor Presidente Carreiras, é o que as
gerações vindouras dirão desta pouco avisada decisão imposta por Carlos
Carreiras quando estiver concretizada.
O nó cego no tráfego de
Carcavelos, as consequências escondidas no futuro da praia de Carcavelos, esses
serão os verdadeiros e únicos critérios de análise deste acto.
Carcavelos NÃO vai ter saudades deste Presidente!
(publicado no Cascais24 em 11/04/2019)
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