TUDO EM FAMÍLIA
Tem causado inúmeros comentários o facto
de estarem a ser identificados um sem número de membros do governo e da
administração central ou em lugares de nomeação política, de pessoas com
relações familiares.
Brinca-se hoje com a confusão de se
tratar de uma reunião do governo ou duma reunião de família.
É triste o sinal que tudo isto dá ao
cidadão. Vamos lá safar os nossos, depois logo se vê…
Embora o ministro das infraestruturas
tenha editado um texto apaixonado, julgo que no facebook, justificando a
nomeação da esposa, enaltecendo a sua competência técnica e política, fica sempre a dúvida do que prevaleceu: a
competência ou o sangue!
Mas o caricato vivido agora, que só deve
ter algum paralelo na Monarquia, não é um assunto novo. Esta parentalidade, agora mais sanguínea, já existe desde os anos
noventa na política central e local portuguesa.
Nos anos noventa fomentou-se a
parentalidade política. Quem era do Partido tinha logo lugares em empresas
públicas ou municipais, eram nomeados assessores, adjuntos, chefes de gabinete,
tudo quanto fosse lugar bem remunerado era ocupado não em função do conteúdo do
CV mas do Cartão de Militante.
A esta razão não é estranho o aumento ao
longo dos anos da irresponsabilidade do Estado e das autarquias nas medidas que
são tomadas!
A
inteligência e a competência não são adquiridas com a adesão a um Partido: ou
se tem ou não!
Estranho que Carlos Carreiras não tenha
vindo aos jornais invocar a criação deste hábito em Cascais muito antes do
Governo de António Costa o ter experimentado como recentemente fez acerca dos
passes sociais.
Ainda no tempo do anterior Governo
chefiado por Pedro Passos Coelho, já Carlos Carreiras empregava na Câmara de
Cascais a mulher do Ministro do Trabalho, a namorada de um Vereador da oposição
que de repente deixou de o ser, a esposa de um chefe de gabinete, entre muitos
exemplos similares.
Cascais é um bom exemplo de mistura de
família e emprego!
Mas, como o atual governo de Portugal,
um péssimo exemplo da ética!
A
ética, enquanto valor
fundamental das relações humanas e do exercício do poder deixou de fazer parte da equação do processo de raciocínio na política
Portuguesa.
É pena. Com maus exemplos não se criam
ideias vencedoras!
A
estupidez destes protagonistas da política só vem confirmar que depois de
tantos anos passados, ainda há quem não perceba o dilema que se colocou a César
e à seriedade da mulher dele!
Texto publicado no Cascais24
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