CASCAIS, PARA ONDE VAIS?
Areia, futura urbanização com o prolongamento da A5? |
No início da nossa democracia os políticos tentavam trabalhar
para obter o reconhecimento do seu trabalho ao longo do seu mandato e por essa
via ver esse reconhecimento traduzido no resultado das eleições seguintes.
Queria-se fazer bem, ir de encontro às expectativas dos
eleitores, promover acções que gerassem o aplauso e o reconhecimento das populações.
Esta era a forma de se trabalhar para o voto.
Entretanto, nos anos noventa surgiu uma nova geração de
políticos que atuam na perspectiva da manutenção das suas mordomias e dos seus
lugares e benefícios.
A percepção de que, independentemente da cor política, a
classe política na sua maioria tinha deixado de trabalhar em função dos
interesses da comunidade antes promovendo os seus interesses pessoais ou do
grupo a que pertencem, levou a um aprofundar do divórcio entre eleitor e eleito.
Assim, os “mais espertos” acabaram por gerir processos
dentro dos partidos e nas suas comunidades para a perpetuação do poder, criando
clientelas, gerindo empregos para os seus apoiantes que, por essa via, não têm
condições de fazer outra coisa que não seja apoiar o chefe.
É o que assistimos em Cascais.
Carlos Carreiras montou uma rede de interesses, de boys e
assalariados que, se querem continuar a ganhar o seu “ordenadinho” não podem
deixar de dizer ámen.
Como grassa o afastamento da maioria da população do
fenómeno eleitoral, não são precisos assim tantos votos para perpetuar o poder.
A fúria de ir buscar competências à administração
central, traduzidas fundamentalmente em novos empregados dependentes do
Presidente da Câmara, não é alheia a esta realidade!
Por isso, nesta nova lógica do exercício do poder, não é
preciso convencer consciências de que as nossas ideias, os nossos projectos são
os melhores, basta ameaçar que, se não apoiarem, lá se vai o emprego, o seu, o
dos familiares e talvez o dos amigos.
Tudo isto para dizer que, discordando do processo de
aprovação do PDM de Cascais, percebo a razão que leva Carlos Carreiras a achar
desnecessário informar os munícipes das alterações previstas no PDM em termos
de políticas urbanísticas, considerar que não tem que fazer eco das propostas
de alteração porque, quando o assunto chegar à Assembleia Municipal, terá
garantido metade e mais um dos votos necessários sem discussão!
O exemplo do resultado da aprovação do Plano de Pormenor
Sul de Carcavelos é um claro exemplo disso. Um dos deputados municipais com
capacidade de pensar autonomamente pediu a suspensão do mandato para não ter que votar este Plano e a Presidente
da União das Freguesias de Carcavelos e Parede permitiu-se o espectáculo degradante
que protagonizou ao votar em desacordo com a decisão da sua Assembleia de
Freguesia!
O emprego, nos dias que
correm é um bem precioso!
Porque reconheço a alguns dos intervenientes na maioria
do Viva Cascais capacidade de raciocínio autónomo, estranho que com a mesma
ligeireza se prepare este torpedo no futuro de Cascais que personifica este projecto
de PDM!
A democracia está ferida de morte. Em Cascais como no
País, a verdadeira democracia deu lugar aos teatrinhos do faz de conta tipo
Orçamentos Participativos!
Fernando Ulrich disse que a malta aguenta, ai aguenta,
aguenta!
Eu estou mais céptico. Acho sinceramente que qualquer
dia, sem aviso prévio, a malta vai achar que não aguenta mais…
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