A LEI É PARA CUMPRIR OU HÁ EXCEPÇÕES?


Por vezes pergunto-me se ainda haverá esperança para a sociedade portuguesa.
Enraizou-se de tal forma o hábito de não ligarmos ao que nos rodeia, não ligarmos aos outros, não pensarmos no todo, na comunidade, que permitimos que os “espertos” ocupem lugares chave na sociedade e nos conduzam à condição de súbditos, de escravos da pouca vergonha.
Sempre entendi que um Partido Político tem que ser uma entidade de bem, tem que defender um modelo claro de sociedade, de soluções para os problemas da comunidade, das pessoas, do território, do país.
Sempre entendi que um Partido Político não é uma coisa abstrata, é o espelho das pessoas que nele militam e especialmente dos que ocupam lugares dirigentes.
Sempre entendi que os dirigentes políticos dos Partidos Políticos têm que ser pessoas de bem, sérios, com pensamento político claro e bem explicado à comunidade que é chamada a acreditar neles e a votar nos diversos processos eleitorais.
Algum dos meus leitores tem lembrança da última vez em que sentiu isso em relação a um Partido Político ou a um dirigente de um Partido Político?
Pois, se quiserem fazer um processo de raciocínio sério não se lembram. Eu também não.
Deixámos de exercer o direito de exigir seriedade e cumprimento das promessas feitas aos nossos políticos há muito tempo. Deixámo-nos adormecer com este cantar das várias sereias que nos entram pelos olhos e ouvidos dentro.
Este problema nem é já um problema de esquerda ou de direita, de PS ou PSD, de BE de PCP, de PAN ou de CDS!
Este problema é sistémico e toca a todos!
Porque não somos exigentes, há muitos anos que os Partidos e os Políticos deixaram de sentir a necessidade de prepararem e apresentarem ao eleitorado um Programa que, após vitória eleitoral, é cumprido escrupulosamente.
Basta dizer mal do últimos a exercer o poder, criticar sem apresentar alternativas, e está feita a campanha eleitoral.
É tão pouco.
E o que mais me arrepia é que passámos a achar este tipo de comportamento normal.
Este meu desabafo surge porque tem sido muito comentado e foi primeira página de um Jornal o fato de Rui Rio ter decidido colocar uma ação em tribunal contra os candidatos do PSD às últimas eleições autárquicas que ultrapassaram os limites legais das despesas com as campanhas eleitorais.
Carreiras fala em caneladas nos colegas de Partido e Miguel Pinto Luz arrasa Rui Rio e culpa-o da falta de unidade partidária.
Também alguns amigos meus, militantes do PSD, vêm às redes sociais dizerem do seu descontentamento com a atitude de Rui Rio.
Depois de 30 anos de militância decidi apresentar a demissão do PSD, vai para quase cinco anos, devido a uma simples razão: um Partido que se permite ter uma secção a “funcionar” como a de Cascais, não pode ser um Partido sério e eu não posso estar lá dentro e ser conivente!
Por isso estas linhas não são de apoio a Rui Rio ou de desapoio, como não têm um significado de militância partidária.
Mas não consigo entender as críticas a Rio por cumprir a Lei.
Não consigo entender que se considere normal que os Partidos possam de forma habilidosa e despudorada, ultrapassar os limites das despesas de campanha quando sabemos que essa é claramente também uma manifesta injustiça para com as listas apresentadas por grupos de cidadãos independentes que não dispõem de apoios ocultos de interesses económicos, ou de empresas municipais, como desconfio que possa ter acontecido em CASCAIS!
Até posso acreditar que a atitude de Rui Rio se mistura entre o cumprimento da Lei e um ataque a alguma da oposição interna.
Mas não aceito os gritos de revolta quanto ao fato de se cumprir a Lei.
A Lei é para cumprir por todos ou é por quase todos?
Os Partidos e os Políticos estão acima da Lei?
Sei que os exemplos são muitos, este das despesas de campanha, as mudanças de morada para receber uns subsídios, o ataque às pensões vitalícias, demonstram que a Lei não é cega quando se trata da sua aplicação!
Pudesse Rio ser assim em todas as suas atitudes, e cortar a direito, e talvez emprestasse um pouco de seriedade à política nacional, que dela tem estado tão afastada!
Mas do atual sistema partidário e da esmagadora maioria dos seus atores, políticos de meia tigela, só espero mais do mesmo – a bandalheira sem vergonha!

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