DEMOCRACIA NÃO É ISTO!


Antes de mais quero afirmar a minha pouca apetência para a Tourada e para os espectáculos com touros.
Entendo que é um emblema nacional, é um evento com interesse turístico, encerra uma actividade económica que ainda tem alguma expressão e tem ainda muitos e bons seguidores em Portugal.
Pessoalmente acho o espectáculo um pouco bárbaro em relação ao trato do animal mas respeito quem gosta e reconheço que há ainda muita gente que gosta deste tipo de espectáculos.
Enquanto não me obrigarem a ver touradas todas as semanas por mim está tudo bem…
Se pensarmos com rigor, se não quisermos levar a hipocrisia longe de mais, a tourada é tão bárbara e tem os mesmos resultados que a actividade de um matadouro ou de um aviário. Que eu saiba, os que comem carne ainda são em muito maior número dos que os que se renderam ao vegetarianismo!
Ultrapassadas as sensibilidades dos defensores dos animais, neste caso os touros, analisemos o que se passou recentemente em Cascais com a atitude do Presidente da Câmara de Cascais em relação ao projecto apresentado pela APTL, Associação Pró Toiros da Linha.
Só tenho uma palavra para definir o que se passou: GROTESCO!
O Senhor Presidente da Câmara de Cascais dá-se ao luxo de, numa rede social, fazer afirmações que demonstram estar eivado de sentimentos autocráticos dignos de alguém de apelido Castro ou Morales mas, convenhamos, Cascais é em Portugal, não em Cuba ou na Bolívia!
Democracia, por definição, é o exercício do poder por delegação do povo, mas sempre em seu nome.
Ora, que se saiba, a maioria da população de Cascais não se expressou contra ou a favor das touradas pela simples razão de que não foi consultada para tal.
As palavras de Carlos Carreiras demonstram, para quem ainda tinha dúvidas (não é o meu caso…) que não reúne condições para exercer o poder democrático em Cascais em nome dos munícipes, pela simples razão de que insiste em confundir o interesse da comunidade, a vontade e a diversidade dessa mesma comunidade, com a sua opinião pessoal das coisas!
Uma atitude como esta, não é relevante pelo assunto em si mas pelo que demonstra ser a forma de actuação do Dr. Carlos Carreiras!
Carlos Carreiras não gosta de touradas e portanto não será incluído na estratégia de desenvolvimento de Cascais a construção de uma Praça de Touros!
Mas seguindo o seu raciocínio será que não gosta de gays, podendo antecipar-se que os mesmos venham a ser banidos da sociedade cascalense?
E de cidadãos de etnia africana será que são tolerados por Carlos Carreiras ou poderemos esperar alguma medida de segregação em Cascais?
E sendo ele sportinguista convicto, será expectável a proibição de utilização de bandeiras do Benfica dentro do território do Município?
E se algum dirigente de uma IPSS local ou de uma colectividade desportiva ou cultural não for do agrado de Carlos Carreiras, pela cor do cabelo ou dos olhos, será que essas mesmas instituições não poderão receber os apoios municipais?
A primeira condição para um líder de um município é saber ser o denominador comum dos variados interesses da comunidade que deve representar, mesmo e especialmente quando esses interesses são antagónicos.
Deve por isso ser tolerante e aceitar a diversidade.
O contrário é a negação do que se espera da gestão de uma instituição democrática!
Carlos Carreiras foi eleito na lista liderada por António Capucho, não se conhecendo que tenha submetido no processo eleitoral qualquer tipo de condições ou ideias fracturantes sobre este ou qualquer outro assunto que permita sentir-se legitimado para tomar atitudes deste calibre.
Mesmo assim sente-se legitimado para o fazer!
Imagine-se o que será se, sendo o candidato do PSD nas próximas eleições autárquicas, augurar conseguir sair vitorioso!...

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