A Cortiça e a Política


Mantive com um companheiro do Partido onde milito uma troca de ideias mais ou menos acesa acerca do teor das minhas intervenções neste BLOG.
Segundo ele, com o facto de eu criticar abertamente e de forma pública algumas das acções da Câmara Municipal de Cascais, poderei estar a comprometer o sucesso eleitoral da candidatura do PSD nas próximas eleições autárquicas em Cascais.
A minha pronta resposta foi de total discordância.
O que pode fazer perigar o resultado eleitoral não é o teor das críticas que eu possa fazer acerca da actuação da Câmara Municipal de Cascais e do seu executivo agora liderado por Carlos Carreiras, mas a razão que me possa assistir nessas críticas!
Porque, tal como eu, há muito eleitor com olhos na cara para ver o que se passa à sua volta e já não embarca em “comboios eleitorais”.
Já lá vai o tempo em que se votava laranja, vermelho, rosa ou azul de forma cega. Hoje a esmagadora maioria dos eleitores não abdica de pensar de forma crítica pela sua cabeça e decidir o que fazer. É por isto, que mais de metade decide nem sequer ir às urnas e da outra metade uma boa parte decide criteriosamente o seu voto em cada acto eleitoral.
Agora uma pergunta se impõe:
Se os partidos não criam forma de discussão interna para partilhar a orientação da sua acção política com a maioria dos seus militantes, devem esses militantes aguardar o desaire eleitoral para responsabilizar os responsáveis da má conduta política ou usar todos os meios ao seu dispor para chamar a atenção para as acções que no seu entender devem ser corrigidas e permitir que a acção política do Partido possa ser inflectida no bom sentido?
Prefiro claramente agir do que ficar pacientemente à espera.
Não considero aceitável que um qualquer dirigente partidário local, distrital, regional ou nacional se julgue detentor de uma carta branca passada pelos restantes militantes que lhe dá o direito de estabelecer sozinho as orientações, as políticas, as acções governativas a seu belo prazer sem ter que disso prestar contas aos seus pares e pior, passando a ser obrigação dos seus pares aplaudir e bendizer tal possuidor de verdade absoluta!
Qual a diferença deste tipo de procedimento com a acção de um qualquer reles ditadorzeco de meia tigela?
Confesso que prefiro a verdade.
A verdade de expressar publicamente e sem máscaras o que penso, mesmo que seja desagradável para alguns companheiros de Partido que ocupam agora os lugares do poder local. Acho ainda assim preferível esta postura do que verificarem o que muitos pensam agora mas não dizem mas se apressarão a fazê-lo após o desaire eleitoral…
Eu não acredito em “unanimismos”.
Em Cascais, Carlos Carreiras não gosta de cabeças discordantes.
Temos um impasse de difícil resolução pacífica.
Sendo defensor dos produtos nacionais, apraz-me verificar que a rolha de cortiça continua a ser a melhor solução para o engarrafamento de qualidade dos bons vinhos que o nosso país insiste em produzir bem.
Mas a rolha sendo boa para garrafas é péssima para a Política!...

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