O Grande Elias

A Câmara Municipal de Cascais e muito particularmente o seu Presidente, Dr. Carlos Carreiras, estão de parabéns com o sucesso que representou para Cascais e para a sua marca o evento America’s Cup.
Evento com repercussões impressionantes em termos de acompanhamento nos órgãos de comunicação social e na internet foi uma excelente divulgação e promoção de Cascais como destino turístico.
Tendo ou não representado um forte investimento pelo município, seja em dotação financeira seja em prestação de serviços, a contrapartida obtida em notoriedade de Cascais foi certamente compensadora.
Não gosto do discurso miserabilista de em tempos de crise não se pode gastar dinheiro em Festa. Mas, acrescento, se é devida a necessária parcimónia nas despesas realizadas com dinheiros públicos sempre, em tempo de crise é fundamental que cada cêntimo seja bem avaliado sob pena do castigado contribuinte ficar com a sensação que entregou a gestão dos seus dinheiros a alguém que o toma como seu, gastando-o porque sim e não por causa fundada.
Dito isto regresso ao tema já abordado várias vezes, o meu entendimento que, por vezes, parecer existir uma inversão de valores e de interesses nas prioridades estabelecidas pela gestão camarária  em Cascais.
Recordo-me da sinopse do filme português, O Grande Elias, filme realizado em 1942 por Arthur Duarte com a magistral interpretação do saudoso António Silva .
A história de  uma família modesta (pai, mãe e filha) recebe generosas quantias de uma tia do Brasil que os julga ricos. Quando, um dia, chega a notícia da visita da tia do Brasil, tudo entra em polvorosa no sentido de manterem a mentira.
Esquecendo os parentescos, os munícipes de Cascais poderiam bem fazer o papel de tia rica e o Presidente de Cascais equiparar-se ao Grande Elias.
Quando olhamos para Cascais e para a sua gestão autárquica continuamos a assistir à divulgação de inúmeras iniciativas esplendorosas, cheias de glamour, mas que nos pode deixar a pensar qual o real interesse delas para a criação de bem estar nas populações que residem e trabalham em Cascais.
Algumas iniciativas, como a America’s Cup, favorecem a divulgação de Cascais como destino turístico e essa é, uma das principais actividades económicas do município, com muita gente a trabalhar na industria hoteleira e no comércio em geral.
Mas quanto custaram as Conferências de Cascais? Este evento, para além do prestígio alcançado nos órgãos de comunicação social, o que pode ter acrescentado aos seus munícipes, qual a mais valia gerada?
O exemplo das Conferências podia aqui ser repetido com muitas outras iniciativas que, tendo qualidade, sendo mais ou menos interessantes, cheiram a exagero quando são todas realizadas pelo mesmo município, com os impostos dos mesmos munícipes.
O Cool Jazz Fest, as Festas do Mar, são eventos que de tão empolgantes e cheios de qualidade, são caros e, em tempos de crise, aparentam desperdício de dinheiros públicos!
Há dinheiro para eventos faustosos mas depois parece faltar para a obra, para a melhoria das vias de comunicação, para o apoio às famílias carenciadas, o apoio às associações desportivas e culturais.
A Câmara toca a vida dos seus munícipes no que os apoia no dia a dia e não com glamour efémero!
Quando se fala em emagrecimento, em Cascais não há qualquer indício, o que nos deixa seriamente preocupados.
Devem os munícipes de Cascais confiar ou ficar preocupados?

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