NUTRICIONISTA PRECISA-SE!


Autarquias habituaram-se a “comer mal” e engordaram.

Presentemente estão feias, flácidas e cheias de celulite!

Onde é que vamos arranjar nutricionista para as “curar”?



Em 1992, numa reunião da Câmara Municipal de Cascais, onde fui autarca, apresentei um estudo com um vasto conjunto de sectores que defendia deverem abandonar a esfera directa da autarquia e que mereciam ser geridas sob uma perspectiva empresarial e eventualmente privada.

Defendia na altura que o papel primordial da Câmara deveria ser administrativo e de fiscalização mas a componente operacional deveria, sempre que possível, ter gestão de carácter empresarial, com capitais exclusivamente públicos ou não, dependendo das características do mercado.

Chamaram-me maluco e utópico!

No entanto, aquilo que eu considerava um exagero na altura, cerca de 1200 funcionários municipais, uma câmara que funcionava mal, que tinha uma produtividade miserável transformou-se hoje, volvidos 18 anos, numa câmara com cerca de 2200 funcionários, a EMAC (criada em 2006 com 450 funcionários já leva 550…) a ESUC, a EMGHA, a AR Cascais, a Empresa de Turismo do Estoril, a Fortaleza de Cascais, a Águas de Cascais e as Agências DNA, Cascais Atlântico, de Energia, Cascais Natura.

Não defendo despedimentos ou privatizações bacocas.

Mas há para mim uma verdade indesmentível: a produtividade e o “público” têm muita dificuldade em conviverem!...

Numa empresa não há contínuos. Quem precisa de fazer uma fotocópia levanta o rabo da cadeira e trata dessa “difícil tarefa de elevado conteúdo tecnológico”.

Na Câmara, na função pública em geral, como é que seria possível ter fotocópias sem contínuos?...

Nas empresas as viaturas ligeiras são conduzidas por quem precisa de se deslocar.

Nas autarquias motorista continua a ser um conteudo funcional muito procurado…

As autarquias têm pessoal a mais porque poderiam produzir o mesmo com muito menos pessoal que tivesse maior índice de produtividade e dedicação.

As autarquias poderiam produzir muito mais, com o pessoal que têm, se tivessem maior índice de produtividade e dedicação.

A resolução deste imbróglio passa por aqui.

Tal como existe o funcionalismo público, não há autarca, por mais competente que seja, que consiga transformar uma Câmara numa entidade produtiva!

A verdadeira solução estará na reestruturação dos serviços, na reorganização das competências municipais recorrendo a soluções empresariais, a criação de nichos de gestão focados em objectivos lógicos e que permitam, de forma transparente, avaliar o efectivo custo de cada alma trabalhadora e a sua produtividade.

Agora gerir esta mudança obriga a coragem, determinação e a definição clara de objectivos estratégicos, ou seja pensar alto, pensar longe.

Numa altura de vacas magras, considero ser o momento correcto para o início de uma revolução tranquila na forma de pensar o modelo autárquico vigente.

Os passos dados até hoje pela Câmara de Cascais nesta matéria não têm sido lineares.

Considero que a EMAC nasceu como um exemplo do que deveria ser a solução para as várias áreas operacionais da CMC (desculpem-me a imodéstia…).

Muito cuidado no início com o recrutamento – recrutar o estritamente necessário e promover a integral utilização dos recursos humanos existentes na CMC afectos a esta área.

Objectivos de produção definidos para todas as áreas permitindo avaliar a produtividade e poder aplicar prémios aos trabalhadores que ultrapassavam esses objectivos.

Hoje a EMAC é reconhecida como uma empresa de qualidade, com um serviço prestado à comunidade irrepreensível e por todos elogiado.

Este será no futuro o seu maior problema.

Em Cascais, agora sempre que há um fogo para apagar recorre-se à EMAC entregando-lhe mais e mais competências.

Erro fatal.

A EMAC já leva mais 100 funcionários, novas competências que nada têm a haver com o seu core business e qualquer dia terá tamanho e preocupações que a tornarão igual a uma autarquia – improdutiva, fomentadora de desperdício e incompetente.

Aquilo que começou como a empresa dos Resíduos e Limpeza Urbana hoje já faz jardins e qualquer dia alcatroa ruas e aprova projectos de arquitectura!...

É uma manifesta falta de visão estratégica e de gestão o que estão a fazer a esta empresa!

Outro exemplo, estranho, é a ESUC.

Aquilo que naturalmente deveria ser a “privatização do Serviço de Obras da CMC” resultou antes na criação de uma coisa ao lado, que compete com o Serviço de Obras Municipal e que serviu para aumentar a quantidade de pessoal afecto a estas tarefas em vez de ter servido para aumentar a produtividade do existente naquele sector da Câmara.

Critérios… ou a falta deles.

Há sectores da Câmara que engordaram imenso e, com a gordura, ficaram tolhidos de movimentos, onde estão dois e três porventura um a trabalhar em condições chegaria.

É preciso “empresarializar” as tarefas operacionais da Câmara.

Com determinação, é preciso criar condições para produzir mais e melhor com os mesmos recursos.

Sei que muitos olham com desconfiança para as empreas municipais, fontes de clientelismo e de ocupação profissional de boys.

Nalguns casos é verdade.

Mas ainda assim, continuo a preferir conhecer as caras da boa gestão de umas empresas e da má gestão de outras do que continuar a culpar a Câmara, a gorda e improdutiva Câmara!

Comentários

  1. Amigo e Companheiro Rui Ribeiro,
    Acabo de conhecer o seu blog e queria deixar-lhe os parabéns (sobretudo pela verticalidade) mas igualmente a "confissão" de que acabo de "postá-lo" no meu "Pinhanços dixit..." (http://pacodearcos.blogs.sapo.pt/). Espero que mo autorize.
    Rui Freitas

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