Para mim… já CHEGA!

 


Não vejam neste título um sinal de que também eu decidi juntar-me aos mais de um milhão de autênticos idiotas irresponsáveis que votaram no CHEGA nas últimas eleições transformando este País, tão maltratado nos últimos vinte e cinco anos de política, num verdadeiro circo, com feras palhaços e uma quantidade enorme de trapezistas.

Alguns poderão achar que também eu aderi ao vocabulário rasca e agressivo, mas tomem isto como um sinal dos tempos. Há dezoito anos que assistimos quase diariamente a este tipo de linguagem em Cascais, com Carlos Carreiras e Nuno Piteira a pontificarem nos “melhores e mais ricos exemplos” do português vernáculo e nada acontece. Eleição após eleição, vence sempre este estilo!

Não sei se o modelo do CHEGA não terá bebido aqui em Cascais, nos comunicados de Carreiras sobre os seus adversários políticos e na forma como trata a oposição nas reuniões de Câmara, muito da sua estrutura. Afinal o pai ideológico de Ventura vem de Cascais… Acredito que alguma coisa terá aprendido…

Mas os idiotas irresponsáveis não se confinam aos apoiantes do CHEGA.

Os partidos do centralão, que sempre ocuparam alternadamente o poder nos últimos 48 anos têm uma enorme responsabilidade no que estamos a viver e no enorme grito do Ipiranga que mais de um milhão de portugueses decidiram dar neste último ato eleitoral.

PS e PSD, às vezes com a ajuda do CDS e ultimamente com a do PCP e do BE, nos últimos 25 anos têm-se entretido a ocupar lugares no estado, configurarem alguns episódios de polícia e de tribunal e “governar” este país em ciclos de 4 anos.

Governar um país em ciclos de 4 anos? …

Claro que os temas que exigem planeamento a mais anos são evitados ou sujeitos aos mesmos ciclos de faz em 4 e desfaz nos 4 seguintes!

Como queremos ter uma política de crescimento económico assim?

A Educação vive de retalhos e de um equívoco brutal. Quem julga que o grande problema da educação em Portugal é os vencimentos dos professores estão redondamente enganados!

A Educação que eu vivi nos idos anos sessenta, setenta e oitenta assentava na avaliação do conhecimento adquirido.

Sabia tinha uma nota, não sabia o suficiente reprovava.

Hoje, o papel do professor deixou de ser avaliar o conhecimento de cada aluno, e passou a ser o ajustar a avaliação ao que cada aluno sabe porque no fim o que importa é que passe para não criar danos nas estatísticas. Hoje temos estatísticas mais ou menos boas, mas temos gente que deixou de ter ambição, de querer saber, de lutar por melhorar porque deixou de ser preciso. O professor adapta a avaliação áquilo que cada um sabe…

Hoje a preguiça de pensar é muita. Não se estuda, copia-se da internet… mesmo que em português brasileiro ou com erros de conceitos, mas, desde que esteja na internet deve ser verdade…

Esta ausência de raciocínio, leva-nos para caminhos de um consumismo ideológico baseado em dois princípios: o nosso umbigo, o que nos interessa diretamente, e o que nos é transmitido nos órgãos de comunicação social e nas redes sociais.

Deixámos de conseguir pensar no país, nos problemas dos outros, deixámos de conseguir pensar o país como um todo de que cada um de nós faz parte.

Depois assistimos a um aparelho de justiça que não tem capacidade para tratar todos de forma igualitária e que não tem força e recursos para combater a corrupção. Um primeiro-ministro acusado de corrupção que há dez anos espera o desfecho do seu julgamento é um caso que deveria envergonhar todos quantos têm passado pelo parlamento e pelos governos!

Agora juntem-lhe os casos e casinhos dos últimos 6 anos, o BES, a tomada do Banco Millennium, a TAP, …

O centralão devia ter encontrado pontes para mexer nas leis por forma a evitar e precaver os casos de corrupção, mas limitaram-se a manter as mãos nos bolsos. O problema é que nem sempre é nos seus bolsos… 

Chegados aqui, com mais de um milhão de portugueses eleitores a sinalizarem o seu protesto com o voto no partido do contra, com uma Assembleia da República fragilizada e um Governo a prazo, o que vai ser deste País?

Vai ser possível, no leque dos Partidos democráticos, encontrar consensos que nos permitam passar a ter um País com planeamento a médio e longo prazo, com a Educação a pensar mais na formação e no conhecimento e menos nas estatísticas, com a Justiça finalmente a tratar todos por igual, com a Saúde a funcionar, com mecanismos que controlem e evitem casos de corrupção no aparelho de estado, uma economia a crescer de forma sustentável e menos dependente das receitas do Turismo, uma política ambiental madura e responsável, ou vamos continuar alegremente, sem alterações, em direção ao abismo?

Quem pensa que o problema está no CHEGA não percebe mesmo nada do que o rodeia. O CHEGA é uma reação ao problema criado pelos “autistas políticos” do centralão.

Se o autismo se mantiver, o que aí vem não vai ser bonito…

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