CASCAIS CONTINUA A METER ÁGUA NA POLÍTICA AMBIENTAL
A questão da reutilização e da reciclagem dos materiais
continua a estar na ordem do dia.
Desde 2003 que venho defendendo uma teoria sobre esta
matéria.
Na Tratolixo trabalhei com outros técnicos um Plano de
intervenção para esta área, começámos a testá-lo nos quatro concelhos do
universo Tratolixo, Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, com sucesso, mas foi
abruptamente interrompido por pressão de Carlos Carreiras.
A recente notícia da Câmara Municipal de Cascais em que
anunciou a “proibição” de utilização de garrafas de plástico para a água
fornecendo a todos os colaboradores uma garrafa de vidro ou um cantil para
reenchimento deixou-me perplexo perante a desfaçatez a que se pode chegar na
utilização do marketing na política.
Dão-nos até a medida de dois Faróis de Santa Marta para
encher por ano com garrafas de plástico que se deixam de utilizar na Câmara!
Com esta medida, Carlos Carreiras arrisca ir “receber um
qualquer prémio” à ONU!...
Cascais continua a fazer política para o boneco, para a
notícia de jornal ou da televisão.
Qual o significado real desta medida na problemática da
reciclagem do plástico a nível local, nacional ou mundial? Tem tantos zeros
depois da vírgula que se torna entediante contá-los!
Quando li a notícia ainda pensei que fosse uma forma de
apelar para a utilização da água da rede e uma garantia da sua qualidade, como
há muitos anos a Câmara de Oeiras ou a de Sintra fazem, mas não, porque na
imagem lá está um dispensador de água em garrafões para reabastecer o cantil!
Este negócio, porque se trata de um negócio e não de uma
medida de proteção ambiental, permitiu que uma empresa amiga fornecesse uns
milhares de garrafas e cantis por ajuste direto!
O que pensa a opinião pública, o que pensam os munícipes
de Cascais desta medida?
Alguns, começarão a bater palmas até que as mãos lhe
doam, outros acharão a medida engraçada e a esmagadora maioria vai seguir
caminho sem prestar qualquer atenção ao assunto, sem valorizar positiva ou
negativamente a medida anunciada e as suas implicações.
É pena, que a sociedade local de Cascais tenha chegado a
este ponto de alheamento, de preguiça para pensar na verdadeira razão das
coisas.
O problema não está no meio milhão de garrafas que deixam
de circular.
Alguns dirão que é um começo.
Eu digo que é um fim.
Apenas se pretendeu o momento do boneco e a ajuda no
negócio dos cantis. Quanto à reciclagem do plástico a preocupação é zero.
Eu relembro os princípios que defendo desde 2003:
·
É
preciso ajustar o sistema de recolha de materiais recicláveis e torná-lo mais
confortável para o munícipe que colabora com a separação;
·
É
preciso deixar de tarifar os resíduos pelo consumo da água e passar a tarifar
em função do tipo e da quantidade de resíduos entregue para tratamento por cada
família;
·
É
preciso continuar a sensibilização da população para colaborar na resolução
deste problema.
Enquanto se mantiver a supremacia dos interesses dos
serviços de recolha sobre o munícipe, e se mantiver uma tarifação de resíduos
que não faz a diferença entre quem separa e recicla e quem não se importa com o
assunto Cascais continuará a prestar um péssimo serviço à qualidade ambiental.
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