CASCAIS, O POPULISMO E A ABSTENÇÃO


A leitura desta notícia deixa-me ao mesmo tempo espantado, preocupado e á beira de um ataque de riso.
Ver Miguel Pinto Luz participar ativamente nesta discussão, com aquele ar de “vamos lá arregaçar as mangas e resolver isto” provoca-me este estado entrópico de sentimentos contraditórios que não resisto a comentar.
Miguel Pinto Luz é um fiel seguidor (e provavelmente mentor) do que pior se tem feito na política, caminhando a passos largos para fazer falir a democracia e o que ela deveria representar de participação ativa e consciente da população, personificado pela ação de um trio de autarcas em Cascais, um líder, Carlos Carreiras, um “Think thank” Miguel Pinto Luz e um carregador de pianos e de sacos de cimento, Nuno Piteira.
Este trio tem os papeis do faz de conta bem determinados: Carreiras faz de conta que manda, Pinto Luz faz de conta que pensa e Piteira faz de conta que faz.
Cascais nunca esteve tão perto do “glamour” e simultaneamente tão longe da democracia e da defesa do interesse dos seus munícipes como agora.
Reescreve-se a história de Cascais e da ação da Câmara todos os dias.
Carreiras negociou o Hospital António José de Almeida para criar um polo ligado à saúde, para instalar o Centro de Saúde de Carcavelos, para uma Universidade ligada ao ensino da Medicina mas afinal parece que vai ser cedido ao grupo CUF a preço da “uva mijona”.
Esta mudança de opinião sistemática não faz bem à democracia.
É verdade que o “zé contribuinte” está cansado e sem opinião.
Tanto lhe faz.
Tanto desmando, tanta prepotência, tanta falta de compromisso com a verdade, provocou a desistência da maioria.
Com esta desistência, é claro o aparecimento da abstenção!
Mas um democrata preocupado com a democracia seria o primeiro a tentar encontrar antídotos para a situação pantanosa criada, provocar a discussão e a participação dos eleitores nas decisões mais determinantes do futuro da “Nossa Terra”, promover políticas de transparência, mostrar com clareza os caminhos traçados sem nada escondido por trás das cortinas, mas nada disso acontece em Cascais.
Ao invés promove-se o culto do poder absoluto, a perseguição dos que ousam opinar diferentemente da maioria, implementa-se uma política de terra queimada, de assalto ao ordenamento de território.
Exemplos são muitos, da aprovação do Plano de Pormenor Sul de Carcavelos, da hipotética cedência de terreno (em zona REN!) em Tires para mais uma escola privada inglesa, a paródia da escola da Fundação Aga Khan, a tentativa de acabar com o corredor para a construção da variante a Trajouce a pedido de uma empresa, a urbanização à entrada de Cascais, o edifício da Praça de Touros, e podia continuar a gastar linhas e linhas de exemplos de como não se gere um território lindo e com um enorme potencial físico e humano como o de Cascais!
Mas é o que temos, resultante das últimas eleições autárquicas.
Em índice de transparência como atrás referi, Cascais que gosta tanto de rankings, ocupa o 75º lugar.
Há 74 Câmaras em Portugal com uma gestão mais transparente.
Merecíamos mais.
Sintra, o colosso Sintra com toda a sua grandeza territorial, elevada população, mistura de urbano e rural, ocupa o 6º lugar.
Dá que pensar…
O que vivemos em Cascais hoje está longe da democracia mas muito perto do populismo.
Quem assistiu aos “acessos de personalidade” de Bruno de Carvalho e compara com as atitudes do trio de autarcas de Cascais e consegue identificar diferenças estará deveras distraído!
Experimentem espreitar uma gravação de uma reunião de Câmara e avaliem o respeito que o trio demonstra pelos seus colegas eleitos como eles mas que representam outras forças partidárias.
A exceção existe, depois de domesticados e de aceitarem uns Pelouros e o respetivo salário a meio tempo ou a tempo inteiro, e o carro, e o telemóvel, e o motorista, e os outros etc…
Ao invés de ex colegas meus de movimento autárquico “Ser Cascais”, nunca acreditei que Gabriela Canavilhas fosse solução adequada para Cascais e pudesse personificar uma alternativa entendível como tal pelos eleitores de Cascais para trazer decência à gestão autárquica em Cascais.
Mas percebo que ela tenha atingido o ponto de saturação ao ter que lidar sistematicamente com tanta desconsideração, má educação e incivilidade nas reuniões de Câmara.
Percebo mas não aprecio.
Por cada desistência ou alma comprada, cresce o populismo e definha a democracia.
Eu continuo de pedra e cal pela democracia. Sempre pela democracia! 


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