ESPERANÇA OU DESENCANTO?...


Vivemos tempos muito difíceis.
A sociedade de hoje, com pequeníssimas exceções, deixou de ter futuro, visão, princípios éticos, valores.
Hoje vale o hoje. Sem amanhã.
Hoje contam apenas os sentimentos do momento, a preparação do amanhã só vai ser feita…amanhã.
Os valores hoje não interessam. Não pesam na consciência.
E se as pessoas estão sem valores, o que esperar dos Partidos políticos que são compostos de pessoas?
Nada.
E daí nasce o desinteresse, o afastamento da política.
Os mais de 50% de abstencionistas são pessoas que deixaram de acreditar no sistema, na democracia.
Os Partidos hoje não representam a vontade da população. Os partidos hoje representam a vontade dos políticos que utilizam as suas posições para a obtenção de vantagens pessoais.
Mas para revolucionar os Partidos seria preciso antes revolucionar as mentalidades das pessoas, das pessoas que fazem parte dos Partidos e das restantes que as legitimam pelo voto.
Não se antevê sucesso nos próximos tempos.
Eu lido com jovens, fruto da minha atividade profissional.
A esmagadora maioria dos jovens com quem lido estão completamente desprovidos de ambição, não têm valores, não têm vontade de pensar o amanhã.
Sem valores falta-nos a capacidade de acreditar nos outros. Se vale tudo, então não podemos esperar mais do que nada.
Sem Partidos vocacionados para pensar no País e nas pessoas, com a capacidade de projetar o futuro, resta-nos uma mole de oportunistas que se acomodam nos lugares, os usam em proveito próprio e garantem que os poucos que pensam na comunidade e no futuro de todos são afastados para não atrapalharem o ato de usurpação.
Vivemos isto em Cascais, com exemplos bem definidos no PSD local, mas não será muito difícil estender o raciocínio aos restantes Partidos e no âmbito nacional.
Em Cascais, o PSD foi tomado por dentro, estripado de militantes com capacidade de pensar com a própria cabeça que foram substituídos por yes man, a maioria deles dependentes de empregos ou favores do poder autárquico.
Receita infalível para perpetuar o poder até ao infinito.
Mas o PSD a nível nacional, e os outros Partidos, são réplicas muito semelhantes do que foi desenvolvido, reconheça-se com mestria, por Carlos Carreiras em Cascais.
Não foi por acaso que Relvas tentou empurrar Pinto Luz para uma corrida à presidência do PSD nem que todo aparelho partidário social democrata se uniu em torno de Pedro Santana Lopes.
O aparelho, para continuar a ditar as regras e a receber as mordomias precisa de ter livre acesso à direção partidária.
E aqui, embora arredado das dores social democratas de que me afastei ´há quase cinco anos, confesso a minha surpresa em ver arrecadar uma vitória por parte de Rui Rio.
Rio, o último exorcista de esquemas no PSD nos tempos idos da Presidência do PSD de Marcelo Rebelo de Sousa ganhou de forma inequívoca as eleições no PSD contra o aparelho instalado.
Pode ser uma boa notícia, mas aconselha a prudência que não se embandeire em arco antes de tempo…
Rui Rio, enquanto Secretário Geral do PSD fez uma limpeza a fundo dos cadernos de militantes mas, como é fácil adivinhar, neste momento estão provavelmente piores do que no tempo em que produziu a limpeza.
Por isso há que esperar. Que Rio se consiga reunir de gente capaz com princípios e com ética para refundar um Partido que já foi o mais português e hoje será talvez o mais oportunista.
A reforma dos Partidos, e consequentemente da política, tem que começar nas pessoas dos Partidos. Será o PSD a dar o primeiro passo?
Não aposto dinheiro nenhum nisso.
O que conheço do PSD e das pessoas que por lá pululam, rapidamente se adaptam no novo discurso para logo a seguir voltarem às velhas práticas.
Mas se conseguir, ficará provavelmente na história ao lado dos grandes marcos da democracia saída do 25 de Abril.
Gostava sinceramente que isso acontecesse. Que o PSD recentrado na defesa dos valores de uma sociedade solidária, livre e empreendedora voltasse a fazer acreditar na política e nos políticos e por contágio estendesse essa influência aos restantes Partidos.

Vamos aguardar os sinais. Com esperança mas sem uma overdose de expetativa…

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