O “MEET “ DE CASCAIS OU O MITO DE CASCAIS?
Resisti a escrever sobre isto mas aborrece-me que um não
problema – o "célebre meet” de Cascais nas Festas do Mar – deixe deslocada a
verdadeira discussão da segurança e as responsabilidades que devem ser
assumidas pelas várias entidades oficiais.
O Presidente da Câmara
de Cascais, Carlos Carreiras, não pode ser culpabilizado por um hipotético “meet”
que pode ou não ter existido no último dia de Festas do Mar no espetáculo de
Anselmo Ralph!
Só a falta de assunto para encher jornal ou televisão é
que pode tornar assunto importante aquilo que pouca ou nenhuma importância pode
ter.
Não somos um país racista, e se os jovens têm hoje alguns
comportamentos menos aceitáveis, muito se deve às idiotas gerações (onde me
incluo!) que não souberam encontrar os melhores caminhos para garantir o
desenvolvimento sustentável da nossa sociedade, abrindo expetativas aos nossos
jovens de trilhar um caminho, de encontrar saídas profissionais, de poder
construir um futuro.
Mas com “meet” ou sem “meet”
a questão segurança existe e não pode ser escamoteada!
E aqui, estou claramente em desacordo com a Câmara
Municipal de Cascais e com o seu Presidente!
A programação de espetáculos para a baía de Cascais que
perspetivem o aparecimento de cerca de cinquenta mil pessoas para a eles
assistir é um crime!
A baía de Cascais não tem condições adequadas para
assegurar o controle comportamental de cinquenta mil pessoas e, em caso de
necessidade de assistência numa situação de emergência, por bombeiros, por
ambulâncias ou mesmo pelos agentes da autoridade, pode assistir-se a uma
perfeita catástrofe!
Anselmo Ralph, até pela pressão que a imprensa escrita
colocou com o hipotético “meet”, logo que se apercebeu da pequena escaramuça em
frente ao palco interrompeu o espetáculo e apelou à intervenção das autoridades
e tornou num não problema aquilo que poderia transformar-se num problema de
maior gravidade.
Mas, o que poderia ter acontecido se a escaramuça se
tivesse passado no meio da multidão e o rastilho em vez de rapidamente
controlado se tivesse alargado às pessoas circundantes? De quem era a
responsabilidade? Como se poderia ter garantido a assistência de emergência com
os acessos à baía completamente entupidos?
É esta
irresponsabilidade que me perturba e me deixa profundamente desconfortável
enquanto cidadão!
Para Carlos Carreiras só foi importante bater o record de
assistência nos espetáculos, tirar fotos com uma mole humana a “curtir” os
espetáculos. E a segurança? Não é uma responsabilidade própria do Presidente de
Câmara?
Numa qualquer vistoria numa sala de espetáculos ou numa
discoteca, a Proteção Civil da Câmara de Cascais exigiria tudo o que a lei
previsse para assegurar a segurança das pessoas e bens, nos acessos, no combate
a incêndios, na acessibilidade do socorro e nas vias de fuga em caso de
sinistro.
Mas nestes espetáculos organizados pela Câmara, todas as
regras, todas as exigências, ficaram no tinteiro! Porquê?
A segurança não depende apenas
das forças policiais nem o apoio da Câmara se pode resumir à entrega de uns
carros ou de umas bicicletas à PSP para fazer umas patrulhas!
O primeiro papel na promoção da segurança é competência
da Câmara e está na forma como planeia a urbe, como promove o desenvolvimento
económico e social, na forma como garante habitação, escola e emprego às
famílias mais desprotegidas.
Ora, é sabido que nenhuma destas preocupações povoam o
imaginário do atual Presidente de Câmara em Cascais!
Carlos Carreiras vê o seu papel exclusivamente como a
promoção da sua própria pessoa, tudo o resto, nomeadamente os eleitores de Cascais,
são apenas o veículo que o deixa chegar ao “Eldorado”!
Aqui chegados, a única conclusão possível de tirar é que o “meet” não teve qualquer responsabilidade
no mito em que a segurança em Cascais se transformou!
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