CASCAIS: O MITO DA SUSTENTABILIDADE




Em 2006, a chegada de Carlos Carreiras ao executivo da Câmara Municipal de Cascais parecia significar uma lufada de ar fresco, de novas perspetivas de encarar os velhos problemas com novas metodologias, novas formas de pensamento.
Para além da ideia de um projeto para Cascais, assente na defesa da sua área de paisagem protegida, na identificação do mar como uma pedra basilar do desenvolvimento económico de Cascais, na necessidade de rapidamente promover a revisão do Plano Diretor Municipal espelhando nele as linhas programáticas da forma de desenvolvimento pretendido para Cascais, assistia-se à criação de um fio condutor entre as várias políticas sectoriais que deixava antever que Cascais ia mostrar a Portugal e ao Mundo como se podia implementar uma gestão da comunidade assente nos princípios da sustentabilidade.
Aliás, sobre o conceito da sustentabilidade Carlos Carreiras deu um importante empurrão na dinâmica da Agenda Cascais 21, conceito surgido na Cimeira da Terra do Rio de Janeiro, em 1992.
A ideia de que o desenvolvimento sustentável se atinge integrando a viabilidade económica, a defesa do ambiente e a promoção das condições de vida das populações, tudo feito através do estabelecimento de parcerias que envolvam todos os atores da comunidade (cidadãos, associações, empresas, grupos de interesse) parecia ter ganho um lugar determinante na geografia da decisão em Cascais.
Confesso que em 2006 cheguei a estar entusiasmado com o rumo que as coisas pareciam estar a tomar.
Dar um lugar primordial ao ambiente nos processos decisivos sobre o ordenamento do território, desenvolver uma preocupação de decisões a pensar no futuro da comunidade e não no presente, eram razões entusiasmantes, consentâneas de uma atitude responsável na gestão do território e da comunidade!
Não passou de um logro. Um monumental logro.
Carlos Carreiras afinal não pensava nada disto, foi alegremente discursando acerca deste processo porque percebeu que era importante para as pessoas, elas acreditavam nisto mas nunca teve a mais leve intenção de pôr em prática o que quer que fosse que tivesse a ver com estes princípios.
O objetivo primordial de Carlos Carreiras, percorrer o caminho mais curto que o levasse até à presidência da Câmara de Cascais, foi alcançado com o recurso a todo o tipo de mentiras, de traições, de “decapitações” dos colaboradores mais próximos sem o mais pequeno argumento baseado na sustentabilidade.
Afinal, a única sustentabilidade em que esteve interessado este tempo todo foi a sua!
Bem espremido, que ideias afinal se percebe fundarem a ação política deste presidente? ZERO VÍRGULA ZERO!
Tudo Não passou de mera estratégia. Venham comigo fazer um breve passeio à verdadeira obra que este “habilidoso autarca” nos deixa.
A rede viária, fundamental para dinamizar a mobilidade dentro do concelho e nas ligações aos concelhos vizinhos continua à espera de medidas de fundo.
Em 12 anos parece curto e substancialmente insatisfatório que as obras realizadas se resumam a menos de 2 Km na Via Longitudinal Norte e menos de 1 Km na Via Longitudinal Sul.
A ligação S. Domingos de Rana a Sintra, por Trajouce, só tem um traçado decente e adequado quando entramos no concelho de Sintra. Sintomático…
Falando de sustentabilidade, quanto custam diariamente as filas intermináveis nesta via em consumo de combustível e emissões de gases com efeito de estufa?
O Mar, a integração do Mar como uma mais-valia estratégica na economia do concelho foi uma bandeira desfraldada ao vento de que resultaram umas provas desportivas de barcos, uma exposição anual de escultura no paredão e uns subsídios às várias associações de pescadores… Se isto é uma política de desenvolvimento estratégico, vou ali e já venho…
A Tratolixo em 2003 desenvolveu uma estratégia pioneira para o desenvolvimento da reutilização e reciclabilidade dos resíduos sólidos urbanos e a sua viabilidade foi possível com a implementação de um “Project Finance”.
Em 2007, a intervenção de Carlos Carreiras neste processo acabou por resultar na nomeação de um Administrador Judicial no ano transato por a empresa se encontrar em falência!
Sendo Carreiras formado na área das gestão, deve ter faltado à aula em que foi explicado que se diminuímos propositadamente as condições de obtenção de receitas, é possível que não se consigam gerar meios financeiros para pagar as contas…Este foi o contributo ambiental de Carreiras em capítulo de RSU.
Para Carlos Carreiras, é muito mais importante uma vez por ano juntar uns “amigos do ambiente” a recolher uns lixos no fundo do mar ou nas arribas do que implementar uma política responsável de reciclagem de resíduos. Reciclar não traz televisões…
O Plano Diretor Municipal é outro exemplo paradigmático. O instrumento por excelência para dinamizar as medidas de desenvolvimento sustentável continua a aguardar revisão há 12 anos!
Mas no entretanto acontecem coisas bizarras como o Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos Sul, com medidas previstas que prejudicam vivamente a qualidade de vida dos atuais e dos futuros moradores de Carcavelos e que coloca em causa a própria continuidade da praia de Carcavelos! Sustentabilidade ambiental ao mais “alto nível”…
E sendo as pessoas um eixo fundamental do desenvolvimento sustentável Carlos Carreiras também aí diz algumas coisas, bonitas, que todos os dias do seu mandato se esquece de praticar.
Até um slogan bonito inventou, “Cascais elevado às pessoas”, mas não passa de um chavão matemático mas pouco preciso na prática diária!
O desrespeito continuado pelas pessoas, pelos que não pensam da mesma maneira que ele ou se atrevem mesmo a discordar das suas teses, dos seus colaboradores diretos e dos funcionários da Câmara em geral em que, não perde uma oportunidade para pôr em prática uma filosofia de chantagem grotesca, ao nível do ditador mais rasca da nossa história!
Poderia elencar um número bem grande de ex colaboradores que se viram afastados sem apelo nem agravo, mas prefiro deixar uma pergunta que torna elucidativo o raciocínio que acabo de expressar:
Quantos colaboradores mais próximos se mantêm a colaborar ativamente com Carlos Carreiras, que tenham iniciado essa colaboração em 2006?  
Muito poucos, mesmo muito poucos!
Ora não deixa de ser caricato quando Carlos Carreiras se pretende afirmar como uma referência na área ambiental.
No discurso talvez, da sua autoria ou escrito por alguém, saem sempre palavras sábias, bem sintonizadas com o que se pretende defender com o desenvolvimento sustentável.

Mas palavras leva-as o vento e nós, em Cascais, precisamos de viver e ajuizar sobre factos… A prática diz que, em desenvolvimento sustentável, Carlos Carreiras não passa de uma fraude!

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