Carcavelos: Betão? Mais Não!
Acompanhei a sessão pública realizada em Carcavelos no
salão nobre da Junta de Freguesia para perceber o que está proposto e em vias
de ser aprovado na Quinta dos Ingleses.

A Avenida Jorge V deveria estar mais protegida da
volumetria prevista de 8 pisos quando do outro lado da avenida temos moradias
de 2 pisos!
Confesso a minha desilusão e preocupação.

Este processo é efectivamente muito antigo e sempre esteve
envolvido em polémica, dada a sua localização.
A proximidade da frente de praia sempre trouxe
visibilidade e opiniões extremadas a este processo o que tem levado os diversos
e sucessivos executivos camarários a empurrar o assunto com a barriga e evitar
que possa contaminar os cíclicos processos eleitorais de quatro em quatro anos.
Acabadinho de passar mais um período eleitoral eis que o
assunto aparece para discussão pública.
A tónica colocada por Carlos Carreiras na apresentação do Plano de Pormenor assenta em dois ou três pilares: A existência de acções em tribunal com um pedido de indemnização à CMC de um valor superior a 200 milhões de euros invocando direitos adquiridos pelo proprietário do terreno, a renegociação em baixa do número de fogos previstos passando dos 1.887 previstos em 1985 para 939 fogos previstos no Plano de Plano de Pormenor em discussão pública e a salvaguarda do estacionamento de apoio à praia de Carcavelos previsto no Plano de Ordenamento da Orla Costeira.
Para justificar esta mega intervenção numa zona tão sensível da Freguesia é muito pouco!
Os processos com demasiada longevidade como é este da SAVELOS por vezes são iniciados com pressupostos que mais tarde estão completamente desajustados dos novos paradigmas.
Este é o caso.
Quando este processo foi iniciado não existiam Carcavelos
Lux, Quinta da Bela Vista, Quinta de S. Gonçalo, Checlos, Quinta da Alagoa,
Quinta do Barão, Riviera ou seja, vários milhares de fogos depois, eis que, porque
existem antecedentes e hipotéticas indemnizações a pagar temos que aceitar esta
absurda e exagerada intervenção urbanística.
Era exagerada em 1985 e mesmo só com metade dos fogos
continua a ser exagerada!
A linha de Costa, que deveria estar reservada para
equipamentos hoteleiros leva com um hotel e mais quatro prédios de 8 andares de
habitação!
A Avenida Jorge V do lado já construído tem moradias com
2 pisos e do lado desta urbanização leva com 6 blocos edificados, parte deles
com 8 pisos!
Para completar o ramalhete temos ainda uma área de
serviços e alguns equipamentos sociais, nomeadamente campo de futebol, pavilhão
desportivo, centro de dia e escola.
Infelizmente o território não tem a capacidade de esticar
até ao infinito e, com o desenho urbano actual, com a densidade populacional que
se verifica em Carcavelos, com as infraestruturas existentes, criar mais 939
fogos é insustentável, é um crime
urbanístico!
Em Cascais o “planeamento urbanístico” sempre foi
casuístico, sempre se analisou o índice de construção de cada urbanização mas
nunca se assumiu Cascais como um todo, uma unidade territorial que precisa de
ser pensada globalmente, perceber quais os limites a estabelecer para garantir
uma efectiva qualidade de vida para os munícipes e para as pessoas que aqui
trabalham ou nos visitam.
E a forma como se pretende analisar este processo é a mesma
forma cansada e obsoleta de avaliar a bondade de uma operação urbanística.
O índice de construção é mais baixo do que o proposto
inicialmente, são garantidos lugares de estacionamento de apoio à praia, até se
garantem algumas contrapartidas de equipamentos sociais e desportivos e
portanto a solução é boa?!...
Porquê a insistência em
viabilizar urbanizações com contrapartidas a realizar pelo construtor quando o
valor dessas contrapartidas recaem em mais construção, mais fogos autorizados?
O passado não nos ensinou nada?
Não aprendemos nada com
os exemplos tristes que pululam pelo concelho de Cascais de mega urbanizações
sem as necessárias beneficiações nas infraestruturas que as servem?
A Guia em Cascais, os Jardins da Parede, a Quinta de S.
Gonçalo podiam servir de exemplos a não repetir mas a Câmara de Cascais dá-nos
mais do mesmo!
Carcavelos tem de reagir
a este atentado que Carlos Carreiras pretende viabilizar!
Não sou defensor de construção zero. Mas há limites que
não podem ser ultrapassados.
A linha de costa deveria, ter no máximo duas unidades
hoteleiras e não 4 edifícios de habitação e um hotel!

O esforço construtivo para gerar as mais-valias para a
construção dos equipamentos sociais deveria ser anulado. O investimento deveria
ser assumido pela CMC e não pelo
urbanizador!
A população de Carcavelos não pode pactuar com este
atentado!
Vamos utilizar o período de consulta pública do Plano de
Pormenor Carcavelos Sul para mostrar que já chega!
Esta solução é indefensável à luz do bom senso!
Se o bom senso anda
arredado das pessoas que gerem o município, que seja Carcavelos e a sua
população a vincar a necessidade de a ele voltar!
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