PARTIDOS, DEPENDENTES E… INDEPENDENTES …
Os Partidos há muito tempo que deixaram de ser os
representantes dos eleitores na gestão da coisa pública nacional e local.
Como num filme de ficção científica em que a máquina
ganha vida e vontade própria, também os Partidos passaram apenas a
representar-se a si próprios, que é como quem diz, passaram apenas a
representar o conjunto de pessoas que tomaram conta das estruturas partidárias,
agilizando-se de lugar em lugar, ora nos governos e nas empresas públicas ora
nas assessorias nas câmaras e nas empresas municipais.
O papel dos Partidos enquanto representantes da população
deixou de fazer sentido.
Mas, sendo a democracia o sistema menos mau de governo,
convém não perder de vista a necessidade de, em cada momento, encontrarmos a
melhor forma de lhe dar saúde, frescura, vida. Este objectivo tem norteado os
meus actos mais recentes.
Não pretendo afirmar-me como um exemplo, um fora de
série, um iluminado, porque tal tenho a certeza de não ser. Mas todos os dias
me esforço por ser coerente com as ideias que defendo, sempre com a preocupação
de agir e pensar com a ética, com verdade e com seriedade.
Por isso optei por me juntar ao Movimento SerCascais.
Carlos Carreiras defendeu em artigo publicado no Jornal i
que os movimentos independentes mais não são do que um conjunto de ressabiados
da política que, por não terem lugares se decidiram por se encostarem a outras
soluções.
Vale a pena discutir esta tese e ver até que ponto é que
é verdadeira ou não passa de uma falácia.
Pode até ser verdade que em alguns casos isso se tenha
verificado. Como há muitos casos, entre os quais me incluo, dos que se fartaram
de ver o Partido em que militavam demonstrar um total desrespeito pelos seus
militantes porque a “máquina directiva” demonstrava uma total incapacidade de
perceber a opinião da maioria dos que constituem o Partido.
Afinal onde está o mal? Está nos que, sentindo que o
Partido não os representa e respeita condignamente, decidiram procurar uma
alternativa de afirmar os seus pontos de vista ou o problema reside
efectivamente nas “pessoas” que invadiram os centros de poder partidários e
apenas orientam a sua acção para ver perpetuados os seus lugares e as suas influências?
Olhemos para o caso da vizinha Sintra.
Marco Almeida é vice presidente de Fernando Seara em
Sintra. A concelhia do PSD decidiu aprovar a sua candidatura à Câmara Municipal
de Sintra. A Distrital, porque Marco Almeida não fez parte da facção de Miguel
Pinto Luz e de Carreiras na Distrital do PSD, e porque não apoiou Pedro Passos
Coelho para a presidência do PSD, foi vetado, e no seu lugar inventam Pedro
Pinto que de Sintra só se deve lembrar do mítico “Maria Bolachas”. Por outro
lado a mesma Distrital pretende candidatar a Lisboa Fernando Seara, o candidato
que por lei já não o pode ser (mas o PSD insiste que o problema só existe se
for em Sintra…) e que tem ainda como vice presidente o Dr. Marco Almeida.
Ora se o trabalho de Seara é defensável para, mesmo
contra a lei, pretenderem que volte a ser candidato agora a Lisboa, Marco
Almeida não serve para ser candidato a Sintra?...
Marco Almeida decide avançar com uma candidatura
independente. É ele que está errado? É dele a responsabilidade de “contrariar”
a vontade do Partido ou foi o Partido, a máquina partidária, o poder cego e
autocrático do PSD que decidiu excluir os militantes de base desta decisão?
Carlos Carreiras, coloca um forte azedume contra os
movimentos independentes porque começam a ter uma expressão que põem claramente
em causa o exercício autocrático do poder após as próximas eleições e, cúmulo
dos cúmulos, não são por si controláveis.
Ter um Partido em que uma boa parte dos seus militantes
são neste momento dependentes da folha de ordenados da CMC ou das suas empresas
municipais é fácil de controlar. Ter uma composição do executivo camarário
dividido entre PSD e PS não é difícil controlar. Carreiras, nos dois últimos
mandatos, colocou no bolso quer o Vereador do PCP quer parte dos vereadores do
PS pelo que não lhe faltará arte e engenho para o voltar a fazer.
Mas, se se confirmar que a onda independente de Sintra
(dizem as sondagens que Marco Almeida lidera as intenções de voto) se está a
propagar a Cascais e Isabel Magalhães conseguir aquilo que há um ano só podia
ser entendido como uma surpresa impossível em Cascais?
Os militantes do PSD mais “dependentes” estão claramente
nervosos. Desconfiam que o provérbio popular “Agosto tem a culpa, e Setembro leva a fruta”
possa mesmo querer dizer que o fim do bem bom se aproxima!
Sente-se um ar libertador.
Mas o sucesso ou o insucesso de Cascais está muito
dependente de a sua população acordar, perceber o que está em causa, e não
deixar de ir votar, conscientemente, no próximo dia 29 de Setembro.
O nível de
abstenção vai determinar se Cascais consegue renascer das cinzas ou se vai
continuar a atolar-se em Festas e em dívidas!
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